YAHOO (27.09.2022) – Fãs da Marvel tem muitas opiniões, mas fique tranquilo que elas não mantêm Anthony Mackie – mais conhecido como Sam Wilson/Falcão/Capitão América – acordado à noite.
“Eu não ligo para isso,” Mackie, que logo irá estrelar em um novo filme do Capitão América. “A pressão que vem junto de ser o Capitão América ou o Falcão não é algo que eu penso sobre ou presto atenção. É por isso que moro em Nova Orleans – a única coisa que preciso me preocupar é onde vou pegar meus feijões vermelhos na segunda-feira.”
De acordo com o pai de quatro, o único feedback que ele realmente se importa vem de seus filhos.
“Tentar fazer com que meus filhos gostem de mim, isso é a coisa mais estressante do mundo,” ele diz com um sorriso. “Eu sempre disse que queria ser o pai legal, mas agora… quando mando algumas coisas para meus filhos e eles mandam algo de volta, esse é o processo mais estressante. Tipo, você senta e espera para ver se eles vão responder sua mensagem; você liga e espera para ver se vão te ligar de volta. É uma dessas coisas que eu nunca tinha percebido como você passa a vida inteira sem ligar para reconhecimento e aceitação de ninguém. E essa criança de 3 anos pode quebrar seu coração em 30 segundos.”
Os laços familiares de Mackie são fortes. Foi a influência de seu falecido pai, um carpinteiro que tinha seu próprio negócio de telhados, que inspirou o ator no seu mais recente projeto fora da Marvel: uma parceria com a fabricante de telhados GAF para consertar e trocar telhados em 500 casas devastadas por furacões na região da Costa do Golfo, sendo 150 delas no bairro natal dele, a 7th Ward em Nova Orleans. Para Mackie, a iniciativa Community Matters representa uma oportunidade para honrar o legado de seu pai e ajudar seus vizinhos necessitados – muitos dos quais tiveram que depender de lonas azuis no lugar de telhados. Ajudar os outros, ele diz, mantêm a estrela “com os pés no chão e humilde.”
“Muitas vezes você passa pelas pessoas e não sabe como são suas experiências e seu dia a dia. Então, quando ajudo os outros, é realmente uma oportunidade de ver como as pessoas vivem e o que estão passando, para que eu possa saber quão privilegiado sou e quão privilegiados são os meus filhos,” ele diz.
“Depois do [furacão] Katrina, eu aprendi muito rápido que não há nada mais importante do que um lar,” ele acrescenta. “Então, dar a alguém a oportunidade de consertar sua casa, ajuda a minha mente, o meu corpo e a minha alma e faz eu me sentir bem. E eu aprendo um pouco mais sobre mim. Não é que eu precise de um tapinha nas costas ou que queira reconhecimento, mas a ideia de ver alguém sorrir – ver alguém ser transformado pela ideia de trabalho social e ajuda – se eu puder dar um pouquinho de alegria, faz eu me sentir bem também.”
A ideia de restauração também parece interessante para Mackie, que já falou sobre os benefícios terapêuticos de trabalhar com suas mãos e consertar carros.
“Tem algo muito metódico sobre isso, algo que te força a focar e usar diferentes partes de você e da sua mente,” ele diz. “Eu odeio levar meus carros ao mecânico. Eu amo trabalhar neles eu mesmo, apenas descobrindo o problema, entendendo ele e consertando o que tem que ser consertado – isso é algo muito poderoso. E eu aprendi isso com meu pai. Quando eu era criança, ele costumava dizer que há algo mágico em pegar um pedaço de terra e transformar em um lar. Trabalhar com suas mãos era muito dignificante para ele. Eu meio que herdei esse traço dele.”
O ator de The Hurt Locker diz que construir coisas e passar tempo fora da rede é algo chave para sua saúde mental.
“Eu sou uma pessoa do ar livre,” Mackie, 44, diz. “Eu sempre digo que não sou uma pessoa do celular, adoro pegar ele e deixar em algum lugar e nem olhar para ele durante o dia todo. Desde que eu saiba que meus filhos estão bem, eu estou bem. Eu amo ir pescar. Adoro estar na floresta. Adoro estar no quintal fazendo paisagismo ou apenas construindo coisas. Eu construo qualquer coisa – não ligo que sejam palitos de picolé,” o pai de quatro acrescenta com uma risada.
“Apenas algo para tirar minha mente do mundo externo, porque enfrentamos tanta ridicularização e julgamentos e tantos questionamentos. Em que ponto você se afasta disso e apenas cuida de si? Então eu uso esse tipo de coisa para cuidar da minha saúde mental.”
Em termos de crescimento pessoal, a estrela de 8 Mile diz que ele está tentando ser uma pessoa mais paciente.
“Minha grande coisa que estou sempre trabalhando é a paciência,” ele admite. “Eu… espero tanto em tão pouco tempo, porque eu tive tanta coisa acontecendo na minha vida, pessoal e profissionalmente, em tão pouco tempo. Então, a paciência é uma virtude na qual sempre trabalhei, e algo que eu sempre, até agora, tentei focar. É um tanto de coisa que eu tento fazer para corrigir e trabalhar na minha paciência e dar às pessoas o espaço que precisam. ‘Não leve tudo para o lado pessoal’ sempre foi a minha grande coisa. Apenas paciência, paciência, paciência.”
O graduado de Juilliard também se compromete a sempre levar um tom positivo ao set, citando um exemplo dado por Samuel L. Jackson.
“Bem no começo da minha carreira, eu assisti Sam Jackson em um set e as pessoas literalmente se acendiam quando ele chegava,” Mackie se lembra. “Eu sempre quis aquela reação quando eu fosse trabalhar. Eu sempre quis que as pessoas soubessem – do carteiro que traz coisas ao escritório, ao diretor – você é igualmente importante. Você importa, seu nome importa, a ideia de terminar esse projeto juntos importa, e você fez o papel para fazer isso acontecer.”
“Moral, em um ambiente de grupo, é algo muito importante,” ele acrescenta. “Mesmo que seja fazendo piada de mim mesmo, eu sempre tento manter a moral alta e as pessoas felizes e ansiosas para vir trabalhar.”
Mas promover boa vontade não pode vir aos custos de agradar as pessoas até um ponto em que ele para de ser verdadeiro quanto a seu verdadeiro eu.
“Eu li essa fala quando era criança e sempre ficou grudado em mim. Talvez não seja a coisa mais popular, mas sempre lembrei disso. Dizia ‘se eu voltar e eles disserem que eu sou seu amigo, isso quer dizer que eles te traíram,’” ele diz. “E eu sempre achei isso interessante, que às vezes você vai ser percebido como o babca. E às vezes – a maioria das vezes – as pessoas não vão gostar de você. Isso é porque você não está fazendo o que eles querem que você faça. E, para mim, isso é muito importante. Você deve seguir sua própria batida, e não deixar ninguém ditar para você o que você deve ser, quem pode ser ou o que eles acham que você deveria ser. Seja quem você quer ser. E se eles não gostarem, esse problema é deles, e não seu. E sempre vivi a base disso.”
Ele pausa, e então solta uma gargalhada.
“É por isso que sempre estou no meu quintal fazendo jardinagem sozinho, provavelmente.”