VARIETY (09.03.2021) – Seguido de uma viagem com Wandavision, a Marvel Studios vai deixar seus fãs tomarem um ar de uma semana antes de lançar sua próxima série original Disney+, The Falcon and the Winter Soldier no dia 18 de março.
Antes do lançamento, o chefe criativo da Marvel, Kevin Feige, se conectou com a Variety para conversar sobre nossa estrela da capa Anthony Mackie, que está se elevando a protagonista de um jeito que seu personagem, Sam Wilson (o Falcão) nunca fez antes.
Feige provocou um pouco a examinação detalhada do que irá significar para um homem preto moderno assumir o escudo do Capitão América (que Mackie recebeu em Avengers: Endgame), a crescente diversidade de histórias na Marvel e os criadores por trás dela, e os momentos mais memoráveis de trabalhar com o Mackie ao longo de seis filmes e, agora, uma série original.
Qual é a sua memória mais antiga do Anthony?
A primeira experiência foi ele sendo a escolha unânime para fazer esse personagem. Nós apenas lhe oferecemos esse papel, na minha memória, ele não fez audição. Isso aconteceu apenas algumas vezes na Marvel. O Sr. Mackie foi uma dessas vezes. Eu achei que ele seria ótimo como esse personagem. Como geralmente fazemos, quando você está escalando, você escala para o personagem disponível de imediato – que era Sam Wilson em “Captain America: The Winter Soldier”, mas se tudo der certo, isso pode crescer e evoluir para inúmeras coisas. Você quer um ator que possa fazer tudo, e claro, o Anthony pode.
O que é interessante para um herói como o Falcão é que ele não é um alienígena, ou um membro da família real, mas alguém representando a experiência de um americano preto.
Sam Wilson, como feito pelo Mackie, é diferente de um Thor ou um Pantera, de forma que ele não é um rei de outro planeta ou outro país, cem por cento. Isso é o que ele foi desde o minuto em que o Capitão América disse “À esquerda!” correndo ao redor do Mall em Washington D.C.
Ele é um homem e ele é um homem afro-americano. Ele tem experiência no exército, ele tem experiência fazendo aconselhamento de luto com soldados com TEPT. Foi assim que inicialmente Steve Rogers desenvolveu sua amizade com ele. O que é ótimo da mudança de formato para o Disney+ é que vemos muito mais desses personagens. Mackie tem essa presença incrível, seja estando em tela por seis segundos ou por seis horas. Em “Endgame” foi mais perto de seis segundos. O tempo todo estávamos perguntando, “Onde ele cresceu? Quem é sua família?” Queremos saber mais sobre esse cara que foi jogado nessa situação e lidou com ela de maneira espetacular considerando que ele é apenas um homem. A série é sobre isso. Esse homem, esse homem preto em particular, é a versão da Marvel do mundo de fora da nossa janela.
O que o Anthony contribuiu para o crescimento desse personagem ao longo do tempo?
Ele é bom com momentos cômicos, um momento de ação, e isso também é incrivelmente pungente. O que eu acho que é ótimo, e não muito diferente dos nossos melhores atores, é quando eles começam a ficar inspiradores fora das telas como são dentro delas. Eu acho que Mackie, na imprensa e nos sets fazendo essa série, ele se tornou um líder para quem olhamos para nos guiar de várias formas.
Eu não acho que muito foi dito sobre a decisão de entregar o escudo do Capitão América para o Sam Wilson em “Endgame.” Quando você decidiu isso, e como foi aquele dia no set?
O dia que decidimos, estávamos na sala de conferência – aquele em que parece que passamos metade das nossas vidas, em Atlanta – montando a história. O escudo passou para algumas pessoas nos quadrinhos no passado, mas há quatro anos, pareceu que parte do grande potencial daquelas histórias e da jornada do Sam e do Steve Rogers se passou durante os filmes, pareceu certo que entregamos para o Sam.
Quando filmamos – tudo sobre aquelas cenas foi pungente e emocional naquele dia. Tínhamos feito o funeral do Tony Stark, ou seu “casamento”, que era o nosso codinome para isso. Na verdade foi Mackie e Sebastian que tiveram a ideia do bloqueio na cena do banco no final de “Endgame.” Eles andam até Steve Rogers juntos. Como estava no script, era apenas Sam que percebia o idoso sentado no banco. Eles criaram essa noção de que eles começam a andar juntos, e então o Sam vai na frente. Até a cena dele segurando o escudo e dizendo, “parece que pertence à outra pessoa.”
Realmente foi uma ótima convergência que estávamos criando o final da Infinity Saga e Bob Iger nos contou o que o Disney+ seria. O que tinha sido um clássico momento de passar o bastão de um herói para o outro no final de “Endgame”, de repente, abriu nosso potencial para contar uma outra história inteira sobre isso. O que realmente significa para alguém entrar nesse papel? E não apenas alguém, mas um homem preto nos dias de hoje. É isso que Mackie e nosso escritor-chefe, Malcolm Spellman, não queriam que deixássemos de fora.
Com a perda de Chadwick Boseman, parece que o Anthony é o homem de cor mais proeminente no universo da Marvel agora.
As repercussões da perda do Chad são enormes. Sendo honestos ao contar nossas histórias é algo que Chad e Ryan Coogler, claro, sempre querem que façamos, e isso vai continuar com Mackie e essa série.
Cada vez mais nos filmes, e certamente com as séries da Marvel do Disney+, parece que o MCU está se abrindo para diversidade e inclusão de formas que não estava antes. Isso é por design ou progresso na contação das histórias?
Eu acho que é uma combinação. Nós temos sorte que temos os quadrinhos para nos guiar. Eles têm sido relativamente progressivos ao longo das décadas. O lineup de personagens nos permite – nós não estamos criando nossos personagens desde o começo, eles já existem nos quadrinhos há anos – e nós finalmente podemos contar essas histórias. Olhando pelas experiências extremamente positivas que tivemos fazendo com que o lugar que aconteça não seja um lugar de pessoas que são todas iguais. Quando esse não é o caso, quando tem pessoas de várias origens e gêneros, as histórias são melhores. Estando nessa empresa por 20 anos e tendo lançado 23 filmes, sempre foi “Como você mantém as coisas frescas e surpreendentes na história?”
Quando você está fazendo uma história de uma advogada que é gigante e verde (She-Hulk), ou uma adolescente muçulmana com super-poderes de Jersey City (Ms. Marvel), ou trabalhando com cineastas e escritores de cor como estamos – é tão predominante e parte de quem somos e o que fazemos agora, que não parece nada anormal. Não é mais uma manchete. Uma mulher está dirigindo algo! Wow! Eu espero que isso irá virar o normal a ponto de não ser mais raridade.
Como tem sido a experiência mudando para séries, e você acha que a Marvel Studios consegue manter o mercado que tem com o ritmo de lançamento de uma série?
Faz aproximadamente três anos agora, e tivemos sorte, com as séries que estamos filmando agora. Temos tantos membros trabalhando nessas séries do Disney+ quanto tínhamos trabalhando nos filmes. Todos estamos juntos há muito tempo, e há uma estenografia sobre as expectativas. Com TV, apenas existem mais páginas a serem filmadas. A agenda é basicamente a mesma, para um grande filme ou uma grande série. Você apenas faz muito mais.
O que iremos aprender sobre Sam Wilson/Falcão nesse projeto?
Para nós foi, vamos aprender muito mais sobre Sam Wilson e Bucky Barnes (Sebastian Stan). Vimos um pouco da história do Bucky ao longo dos anos, os horrores que ele passou. Sam Wilson, de onde ele veio e qual é sua história? O que isso significa, especialmente num mundo pós blip, e o que ele irá fazer em relação ao escudo? Eu acho que existem muitas expectativas e presunções sobre – você recebe um ícone, você se torna aquele ícone. Isso é fácil? Alerta de spoiler, não é.
É amplamente dito que você é um dos mais vigilantes em Hollywood sobre preservas as estreias em cinema, em vez de deixar os filmes da Marvel irem para o Disney+
É impossível não ser quando você vai a 23 noites de estreias, em cinemas lotados, e vê a reação do público. É isso que nos incentiva criativamente enquanto fazemos todos esses filmes, certamente culminando em “Avengers: Endgame” e “Far From Home”. Não há nada melhor que aquilo, e nós não queremos perder. Eu espero que não precisemos perder. Se não há mais nenhum lugar para colocar esses filmes, essa é outra conversa, mas estou incentivado pelos cinemas se segurando. Também, o que está acontecendo no exterior, onde a pandemia está mais sob controle. Adivinhe só? Está na natureza humana querer se juntar e ter uma experiência conjunta. Isso está continuando de grandes formas em países onde isso pode acontecer.
Tem algum momento inesquecível do Anthony Mackie no local de trabalho que irá ficar com você?
Tem inúmeras, e todas são sobre a dualidade do Mackie – uma personagem tempestuosa gigante que também é muito atenciosa e articulada em momentos tranquilos. Nós estávamos em um local que eu não vou revelar, e tinha um lago. Lá estava Mackie, com uma linha de pesca, pescando a dois pés de distância de uma placa “Não pesque.” Aquela imagem ficou comigo.